O trabalho nos cinco canteiros de obra da Usina Hidrelétrica de Belo
Monte, no Rio Xingu (PA), foi interrompido no começo ontem de manhã por
um cordão de trabalhadores e manifestantes de movimentos sociais
insatisfeitos com a construção da usina e as condições de trabalho.
O cordão impediu a partida dos ônibus desde a madrugada (4h) até as 9h. O
Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM) não soube informar quanto do
trabalho já foi retomado.
O presidente da Federação dos Trabalhadores na Indústria da Construção
Pesada (Fenatracop), Wilmar Gomes dos Santos, disse que o grupo
responsável pelo protesto não tem representatividade na base dos
trabalhadores (7 mil pessoas). “Fomos surpreendidos. É um movimento
alheio aos trabalhadores”, defendeu.
Francenildo Teixeira Farias, operário do sítio e apoiador do protesto
ocorrido ontem, reclama do consórcio e da atuação sindical. “Eles estão
falando a língua do consórcio”, disse, se referindo à Fenatracop e ao
Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada (Sintrapav).
A situação da obra da hidrelétrica foi tratada na tarde de anteontem, no
Palácio do Planalto, durante a instalação da Mesa Nacional Permanente
para o Aperfeiçoamento das Condições de Trabalho na Indústria da
Construção, segundo Atnágoras Lopes, integrante da Central Sindical
Popular – Coordenação Nacional de Lutas (CSP-Conlutas). “Aproveitamos
para denunciar [as más condições de trabalho]. O governo ficou de olhar
de perto”, disse.
Ontem, uma reunião entre o consórcio, os trabalhadores e o Sintrapav na
Associação do Comércio e Indústria de Altamira teria discutido a pauta
dos trabalhadores, que inclui o aumento das remunerações; redução do
intervalo de visita à família (a cada 90 dias e não 180); melhoria na
qualidade da comida e da água fornecida pelo consórcio aos empregados; o
pagamento de horas extras aos sábados, e melhoria no transporte.
Para o delegado sindical, Wendel Lima, ligado ao Sindicato dos
Trabalhadores da Construção Pesada (Sintrapav), os trabalhadores têm
razão em protestar. “É preciso melhorar as condições da obra”, disse
reclamando especialmente dos ônibus que transportam diariamente os
empregados.
O Movimento Xingu Vivo Para Sempre, que é contrário à obra, afirma que o
CCBM já preparou uma lista de empregados que serão demitidos por causa
do movimento grevista iniciado há seis dias. A assessoria do consórcio
nega que haja lista de desligamentos e diz que a intenção é continuar
negociando com os trabalhadores. O consórcio tem até o dia 16 de abril
para formalizar se aceita as reivindicações dos operários.
Fonte: (Agência Brasil).
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